terça-feira, 13 de setembro de 2011

É grave?

Tentou levar o que ele disse na brincadeira, como estava sendo até então. Mas as palavras passaram pelo coração e foram parar no estômago, onde não foram muito bem digeridas. A garganta engoliu a seco e ganhou um nó. "Não é tão bom assim. Gostar de ti." Pros ouvidos, soaram como se também dissesse que ela já não fazia tanto bem.
Sentiu que era a deixa para irem embora, mesmo querendo pedir pra que ele ficasse só mais 15 minutos, como sempre. Dessa vez se deixou ir deles dois, mas o coração ficou. Pela metade.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Veio pra complicar, no fim das contas

Roubou minhas horas de sono e um pouco do meu bom humor.
Esse tal de pensamento.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ser humana

Uma pessoa que as outras enxergam como avessa, tem suas atitudes justificadas na loucura. "Não tem problema, ela é assim mesmo."
Agora, para a que é vista como correta não há prerrogativa. Quando julgam que cometeu algum deslize, saiu da linha, se torna torta. Mas, no fim das contas, só é humana.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sobre despedidas

As pessoas dizem que precisa de tempo pra dar saudade. Pra mim isso não faz lá muito sentido. Deve ser esse o motivo da minha dificuldade em ir embora. Ou deixar ir, às vezes.
Lembro das primeiras vezes que me senti assim, quando pequena. Meu pai morava em Santa Cruz e, depois de passar o final de semana comigo, ele ia embora antes que eu acordasse. Então, sempre deixava um desenho e um bilhete de tchau preso na porta do guarda-roupa. Acordava com a ansiedade da despedida. Mesmo que ele recém tivesse ido, o aperto já estava.
Foi quando experimentei a sensação de saudade imediata. Esse tipo de saudade, que é o meu, não precisa de tempo nenhum pra acontecer.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Gostava muito dele

Só não gostava da risada alta no cinema. Nem da forma como comia. De dar a mão quando saiam juntos e do jeito que se comportava.
Mas da maneira como ele gostava dela... ah, isso sim.

Pedaço de outra coisa

"Mas pode ser que você um dia tropece em si mesma. Pode ser que um belo dia você pare o que está fazendo e passe a se ver de uma forma completamente diferente."

(O Mundo de Sofia - Jostein Gaarder)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

"Essa moça tá diferente"

Demorou muito tempo para prestar atenção.
Se prestasse, poderia notar que ela só diz "Para com isso".
Nunca disse que não.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Tenho agonia de ti

- Agonia?
- É. Mas uma agonia boa.

Depois ele entendeu. A agonia dela era saudade quando estava longe e, quando perto, vontade de beijar.

Um pedaço

"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa da sua feiura. Sabendo-se desprezível, apresenta-se com nomes supostos, e como exemplo cito a minha pobre avó, que conhecia seu ciúme como reumatismo."

(Leite Derramado, Chico Buarque)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Sobre a falta

A verdade é que passei a estranhar e, às vezes, até desgostar de mudanças.
Cada novidade seria uma a menos que eu poderia te contar.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Desvio

Depois de 21 anos vividos, veio a descoberta: tenho desvio de septo.

A médica disse:
– Querida, você é torta por dentro.

Muita coisa passou a fazer sentido.

Pequenas coisas

São as que afagam, acarinham.
ou que entristecem por esgotamento.

entristecer
en.tris.te.cer
(en+triste+ecer) vtd 1 Dar aspecto triste a, infundir tristeza a, tornar triste. vint e vpr 2 Tornar-se triste. vint e vpr 3 Cobrir-se de nuvens; anuviar-se, nublar-se, toldar-se (o céu). vint e vpr 4 Estiolar-se, murchar.

E assim, me peguei murcha e com o céu cinza, coberto e nublado de pequenas coisas.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tá bom

"Eu tive pensando. Pode parecer que sim, mas eu não vou te abandonar. Só estou vivendo outra coisa, um pedaço da minha vida. Sei também que já te abandonei em outros momentos da vida... Mas agora eu não tô te abandonando. Tô te amando cada vez mais."

Preparei um grande discurso pra quando a gente fosse falar sobre isso. Então, em um momento qualquer, perdido no meio dos nossos hábitos da manhã, ouço todas as coisas que não imaginava que ele pudesse admitir saber.
Na hora, não consegui dizer nada do que planejei. Como sempre. Fiquei olhando espantada e só disse "tá bom". Um tá bom que significava que eu também percebia a ausência, mas que mais uma vez ia confiar que não seria assim.